Li hoje uma pesquisa que me deixou animada. A crise hídrica no Brasil gerou uma mudança de comportamento na população, embora pequena. Mas é melhor ver a metade cheia do copo. Muito bom, não é? A convivência diária com a falta do insumo – aconteceu isso com 34% dos residentes na Grande São Paulo e 7% dos brasileiros – e o medo de ficar sem água provavelmente contribuíram. Espero que a população assimile esse hábito para sempre, assim como ocorreu com o cinto de segurança, apesar de a motivação ter sido outra, a regulamentação. Antes da legislação, andávamos todos soltos. Criança com cadeirinha??? Tá brincando. Lembro na minha infância, na década de 80, quando eu, minha irmã e primas íamos todas juntas para os nossos finais de semana no interior, soltas e felizes no banco de trás do carro. Mas hoje é impensável andar desse jeito, pelo menos aqui em São Paulo. Claro que o Brasil é imenso e existem muitas realidades, mas podemos ver esse hábito cada vez mais presente. Conscientização a partir de regulamentação, acompanhamento e multa. Essa fórmula dá certo.
A pesquisa a que me refiro foi produzida pela Kantar Ibope Media. Segundo o levantamento, os brasileiros passaram a tomar banhos mais curtos: 38% disseram ficar, em média, cinco minutos no chuveiro, ante 27% em 2014. Após a crise hídrica, a frequência semanal de banhos também caiu, para 13,8, contra 15,7 em 2014. Entre os paulistanos, a média é menor, de 12,5 – 13,8 em 2014. Em relação ao mundo, temos muiiiiito para melhorar. Na Itália, são seis banhos por semana… A pesquisa também mostrou mais consciência na hora de lavar a roupa e escovar os dentes e redução no consumo de energia.
2016 tem sido um ano chuvoso aqui no Sudeste, o que deu um alívio para a população da região. Agora alívio não pode significar retorno aos hábitos anteriores. Essa experiência negativa precisa gerar consciência de como somos totalmente vulneráveis e dependentes da natureza, e, mesmo sem obrigação, torço para que esse novo comportamento não seja só temporário, mais sim permaneça no nosso dia a dia. Medo e necessidade que provocaram mudanças. E mudanças que foram assimiladas por todos e tornaram-se permanentes. Vamos rezar.
