
Carros são um outro problema para o planeta, em especial para países como o Brasil. De acordo com o Observatório do Clima, as emissões brasileiras do setor de transporte cresceram 143% de 1990 a 2012. A ampliação do acesso das pessoas a bens e serviços, como automóveis, faz com que as nações emergentes sejam um dos principais focos emissores nos próximos anos.
O nosso país deixa muito a desejar quando o assunto é transporte público. Vivo em uma cidade não muito distante de São Paulo, que é servida por um trem. Vez ou outra utilizamos o serviço, mas sempre quando não temos um compromisso que exige o cumprimento de horário, pois algumas vezes o trem simplesmente deixa de funcionar ou reduz a velocidade. Nessas situações, só resta esperar ou descer em uma estação no meio do caminho e procurar a rodoviária mais próxima. Na minha casa temos como opção o carro, mas muitas pessoas não possuem. Imagine o desejo de adquirir um bem que elimine esse perrengue diário! Daí o desespero: na primeira oportunidade, o cidadão compra um carro. E a solução seria simples. Um serviço decente de trem, como existe em diversos países mais organizados, que interligasse as cidades da região à capital.
Além de não investir na melhora da infraestrutura de transporte público, o Brasil está discutindo a liberação da venda de carros a diesel, nos modelos de passeio (aqui mais detalhes), um retrocesso em relação ao que vem acontecendo no mundo e um perigo para a saúde da população. Segundo o Conselho Internacional de Transporte Limpo (ICCT), caso isso aconteça, aproximadamente 150 mil pessoas podem morrer em decorrência de poluição até 2050. Sinto uma dor no peito ao ver caminhões e caminhonetes movidos a diesel emitindo uma quantidade absurda de fumaça, capaz de deixar qualquer um zonzo. E como moro em uma área rural, onde existem muitos desses, dia sim dia não encontro uma “maria fumaça” pelo caminho. Moral da história: a inspeção não existe no Brasil e ainda querem aprovar carros a diesel, que emitem partículas extremamente perigosos quando não há manutenção correta! E não precisamos de diesel aqui, pois o Brasil é pioneiro na produção de etanol, um combustível bem mais limpo, que é praticamente neutro em emissões – se a gente avalia todo o ciclo, da produção à utilização.
Além disso, outros países, em especial os da Europa, têm adotado metas rigorosas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa pelos carros, assim como do consumo energético, e para isso possuem legislação específica, como o padrão Euro 6. Mas o modelo utilizado aqui pelas montadoras é outro, muito mais frouxo. O estudo Eficiência Energética e Emissões de Gases de Efeito Estufa (Coppe/UFRJ e Greenpeace) indica que se a indústria brasileira de automóveis adotasse meta de eficiência energética alinhada à europeia, mesmo que dobrasse o número de carros em 2030, as emissões seriam cerca de 10% menores do que as de 2010. Infelizmente as novas tecnologias, como carro elétrico, são caras e pouco acessíveis.
Recentemente tivemos uma pequena evolução no Brasil e alguns parâmetros foram criados para ajudar o consumidor a decidir pelo carro mais econômico ou menos poluente: o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV), do Inmetro, e a Nota Verde, do Ibama – embora essa última deixe a desejar, pois não traz informações de vários modelos, além de apresentar dados confusos e repetidos. Para quem não tem acesso a um serviço de transporte público “aceitável” e precisa optar pelo automóvel, olhar esses selos quando for comprar um carro pode ser um ato de cidadania e responsabilidade. Vamos pensar nisso.
Uma opinião sobre “Carros a diesel no Brasil…”